A CULPA É DAS ESTRELAS
John Green


"A estampa da camiseta era a reprodução de um famoso quadro surrealista de René Magritte, no qual ele pintou um cachimbo e escreveu embaixo, em letras cursivas: Ceci n’est pas une pipe. (“Isto não é um cachimbo.”)
— Eu não consigo entender essa camiseta — mamãe falou.
— O Peter Van Houten vai entender, acredite. Em Uma aflição imperial há, tipo, umas sete mil referências ao Magritte.
— Mas isto é um cachimbo.
— Não, não é — falei. — É uma ilustração de um cachimbo. Entendeu agora? Todas as representações de um objeto são inerentemente abstratas. É muito inteligente.
— Como foi que você amadureceu tanto que consegue entender coisas que confundem sua velha mãe? — ela perguntou. — Parece que foi ontem que eu estava explicando para uma Hazel de sete anos por que o céu é azul. Você me achou um gênio naquela época.
— Por que o céu é azul? — perguntei.
— Porque sim — ela respondeu, e eu ri." (pág. 162-163)

"— Omnis cellula e cellula — ele falou mais uma vez. — Toda célula procede de outra célula. Toda célula nasce de uma que a antecede, que se formou a partir de uma anterior. A vida procede da vida. Vida gera vida gera vida gera vida gera vida." (pág. 249)

"O bom da Hazel é o seguinte: quase todo mundo é obcecado por deixar uma marca no mundo. Transmitir um legado. Sobreviver à morte. Todos queremos ser lembrados. Eu também. É isso o que me incomoda mais, ser mais uma vítima esquecida na guerra milenar e inglória contra a doença.
Eu quero deixar uma marca.
Mas, Van Houten: as marcas que os seres humanos deixam são, com frequência, cicatrizes. Você constrói um shopping center medonho ou dá um golpe de Estado ou tenta se tornar um astro do rock e pensa: “Eles vão se lembrar de mim agora”, mas: (a) eles não se lembram de você, e (b) tudo o que você deixa para trás são mais cicatrizes. Seu golpe de Estado se transforma numa ditadura. Seu shopping center acaba dando prejuízo." (pág. 280-281)